segunda-feira, 27 de julho de 2009

Prisioneira do intestino - a constipação intestinal na mulher





A constipação ou obstipação intestinal é um sintoma de mau funcionamento do sistema digestivo. Seu mecanismo é consequência de um trânsito intestinal lento ou dificuldade de saída das fezes. Esta disfunção acomete 30% da população ocidental sendo 3x mais prevalente nas mulheres do que nos homens. Também é comum entre os idosos.
Como ginecologista, tenho observado que se trata de uma causa comum de dor abdominal e desconforto durante a relação sexual.
O popular " intestino preso" costuma ser o resultado de hábitos alimentares e comportamentais inadequados tais como : o consumo insuficiente de fibras e líquidos; sedentarismo; dietas restritivas; o uso de certos medicamentos ou ainda, ser o resultado de certas doenças digestivas ( por exemplo - câncer de cólon ), metabólicas (diabetes, hipotireoidismo etc), neurológicas (miopatias e outras) ou psiquiátricas.
Para o diagnóstico deste problema é necessário preencher pelo menos dois dos seguintes critérios:
- Esforço para evacuar em mais de 25% das vezes
- Fezes endurecidas
- Sensação de evacuação incompleta
-Menos de 3 evacuações por semanas
-Estímulo evacuatório improdutivo, sem eliminação de fezes

Dentre os exames, podem ajudar no diagnóstico : hemograma; proteínas totais e frações; TSH; glicemia; cálcio ; pesquisa de sangue oculto nas fezes (indicado nos casos de sinais de alerta em indivíduos com mais de 50 anos ou história familiar de câncer de cólon); colonoscopia e outros.
Sinais de alerta para câncer de cólon : febre; perda de peso; sangue em mistura com fezes.

O tratamento mais eficaz é baseado nas mudanças comportamentais:
1) Dieta rica em fibras - vale a pena trocar os produtos elaborados com farinha refinada por produtos integrais ( pães e cereais), substituir os sucos artificiais por sucos de frutas naturais e parte das carnes ( como fonte de proteínas) por legumes.
Os probióticos presentes nos latícinios também melhoram a motricidade intestinal.
Abaixo acrescento uma tabela com a composição de fibras dos principais alimentos.
2)Ingestão abundante de líquidos
É recomendado cerca de 1500 ml/ dia ou 6 a 8 copos de água por dia.
3) Atividade física

4) Reeducação de hábitos
É importante o recondicionamento do reflexo evacuatório, ou seja, não negligenciar o reflexo/ estímulo evacuatório.

Tratamento medicamentoso
Este tratamento deverá ser individualizado pelo seu médico . Neste post, os principais medicamentos são citados de acordo com sua forma de ação. Nenhum deve ter uso prolongado.

1) Medicamentos incrementadores do bolo fecal - são as fibras alimentares, estas retem água, aumentando o volume fecal e assim, falicilam a evacuação. Devem ser usadas com líquidos.
Exemplos: Agar-agar; Biofiber; Metamucil; Muvinor; Plantaben; Plantax etc.

2) Lubrificantes - são substâncias oleosas naõ digeridas pelas enzimas humanas que facilitam o deslizamento das fezes.
Exemplo:Nujol; Purol; Laxol; Agarol etc.
3) Agentes osmóticos - "puxam" a água do sangue para as fezes facilitando sua eliminação. Como incovenientes estão o risco de flatulência e distensão abdominal .
Exemplos: Farlac; Lactulona; Leite de Magnésia de Phillips.

4) Laxantes - saõ substâncias que induzem a um baixo grau de inflamação intestinal o que estimula a sua motilidade. Geralmente causam cólicas abdominais.
Exemplos: Cáscara Sagrada; Sene; Tamarine; Tamaril: Dulcolax; Guttalax; Humectol; Lacto-purga, Naturetti
etc.

5) Enemas e supositórios - não devem ser usados de rotina.


Pois é, nem só de pão vive o homem. Dieta equilibrada e hábitos saudáveis são fundamentais para um bom funcionamento do intestino, refletindo no organismo como um todo, resultando numa melhor qualidade de vida.